Escrever. Dar asas às palavras. Torná-las doces quando estão acres. Amadurá-las antes que se lancem a outras bocas. Embebedá-las, deixá-las tontas de prazer. Eis o motivo pelo qual tenha me estirado as estudá-las, na vã tentativa de compreendê-las na sua essência, mergulhadas na eterna gravidez que ostentam.
Assim, comecei minha carreira: fascinada por livros que não tinha e nem recursos para comprá-los. Às escondidas, pegava um e outro na casa de um primo, sem seu consentimento. E fiz meus primeiros estudos lendo, devorando palavras, fugidias. E veio a adolescência e as indecisões, um curso técnico para fugir à imposição familiar de ser “professora”.
E então veio a frustração do emprego burocrático, emparedado, com um telefone incessante a interromper o oceano de palavras que insistiam em pulular na minha imaginação, formando teias, redes sem fim. Assim, em abril de 1981, abandonei o trabalho de secretária numa empresa que fabricava e exportava calçados. Sem trabalho e sem muito o que fazer, voltei a estudar. Desta vez, cursei o Magistério que oferecia habilitação para trabalhar com Educação Infantil e as primeiras Séries do Ensino Fundamental. Na fase do estágio, lia muito, muito e tentava não atrapalhar o trabalho que o docente desenvolvia com as crianças, mas não conseguia me envolver naquele trabalho. E algo sempre presente: ler, viajar nas asas daqueles que sempre tinham espaço para me abrigar. E vieram Machado de Assis, Graciliano Ramos e Jorge Amado. E o ano foi passando. Certo dia, numa avaliação da professora de Didática, esta pontuou aspectos de cada um dos estudantes. Quando me avaliou, fez a seguinte e inesquecível observação: “você pode não gostar e nem querer ser professora, mas se decidir mudar de ideia, poderá ser uma excelente profissional”.
Novamente o poder da palavra estava posto à prova. O final do ano chegou e a decisão estava tomada: faria vestibular para cursar Letras. E assim foi. Em 1982 iniciei o curso em Tubarão e também comecei a trabalhar com o ensino de Língua Portuguesa. Que desafio!!! Eram alunos mais maduros que eu, que tinham vivido a experiência de várias reprovações e repetiam de série constantemente. Foram eles que me ensinaram a ser tolerante, flexível, ponderada. Outra marca significativa foi a convivência com a professora de Literatura. Se já amava as palavras, esta profissional me fez mergulhar na amplitude das mesmas, vê-las em seu estado gestacional, sempre as mesmas, sempre outras, como à espera de quem lhes signifique, de quem as ponha à luz ou as afunde na escuridão lúgubre da tristeza daqueles que exorcizam por meio delas as amarguras da vida.
Em 1984, conclui o curso e já prestei concurso público. Em 1985, ingressei na rede pública estadual. Foram algumas viagens: Xaxim, Blumenau, Lauro-Müller, Orleans. Depois mais estudos: uma pós-graduação em Blumenau e novamente encontros com profissionais que cada vez mais me faziam conhecer o mundo sem limites das palavras: mais maduras agora, elas me fizeram ir além: estudá-las mais de perto, torná-las mais íntimas. E o caminho da Semiótica me foi apresentado na obra de Nelson Rodrigues, depois foi possível adaptá-la para a leitura de outras obras. Também, ao lado da Semiótica, veio o contato com a Análise do Discurso e as palavras ganharam mais força e perderam de vez a pureza e ingenuidade para se carregarem de intencionalidade. E quanta ideologia carregam, mas ainda continuam transformadoras, enigmáticas, carregadas de sutis delicadezas, perceptíveis pela agudeza de almas que se transmutam e por elas se deixam seduzir.
E nessa trajetória de descobertas, já se foram 27 anos de trabalho, na escola pública e, paralelo, mais 10 anos na Educação Superior. E, agora, mais uma experiência: fazer parte do grupo de Santa Catarina que trabalha com o Gestar II. É uma nova aprendizagem, permeada por palavras, sempre desafiantes.
Assim, comecei minha carreira: fascinada por livros que não tinha e nem recursos para comprá-los. Às escondidas, pegava um e outro na casa de um primo, sem seu consentimento. E fiz meus primeiros estudos lendo, devorando palavras, fugidias. E veio a adolescência e as indecisões, um curso técnico para fugir à imposição familiar de ser “professora”.
E então veio a frustração do emprego burocrático, emparedado, com um telefone incessante a interromper o oceano de palavras que insistiam em pulular na minha imaginação, formando teias, redes sem fim. Assim, em abril de 1981, abandonei o trabalho de secretária numa empresa que fabricava e exportava calçados. Sem trabalho e sem muito o que fazer, voltei a estudar. Desta vez, cursei o Magistério que oferecia habilitação para trabalhar com Educação Infantil e as primeiras Séries do Ensino Fundamental. Na fase do estágio, lia muito, muito e tentava não atrapalhar o trabalho que o docente desenvolvia com as crianças, mas não conseguia me envolver naquele trabalho. E algo sempre presente: ler, viajar nas asas daqueles que sempre tinham espaço para me abrigar. E vieram Machado de Assis, Graciliano Ramos e Jorge Amado. E o ano foi passando. Certo dia, numa avaliação da professora de Didática, esta pontuou aspectos de cada um dos estudantes. Quando me avaliou, fez a seguinte e inesquecível observação: “você pode não gostar e nem querer ser professora, mas se decidir mudar de ideia, poderá ser uma excelente profissional”.
Novamente o poder da palavra estava posto à prova. O final do ano chegou e a decisão estava tomada: faria vestibular para cursar Letras. E assim foi. Em 1982 iniciei o curso em Tubarão e também comecei a trabalhar com o ensino de Língua Portuguesa. Que desafio!!! Eram alunos mais maduros que eu, que tinham vivido a experiência de várias reprovações e repetiam de série constantemente. Foram eles que me ensinaram a ser tolerante, flexível, ponderada. Outra marca significativa foi a convivência com a professora de Literatura. Se já amava as palavras, esta profissional me fez mergulhar na amplitude das mesmas, vê-las em seu estado gestacional, sempre as mesmas, sempre outras, como à espera de quem lhes signifique, de quem as ponha à luz ou as afunde na escuridão lúgubre da tristeza daqueles que exorcizam por meio delas as amarguras da vida.
Em 1984, conclui o curso e já prestei concurso público. Em 1985, ingressei na rede pública estadual. Foram algumas viagens: Xaxim, Blumenau, Lauro-Müller, Orleans. Depois mais estudos: uma pós-graduação em Blumenau e novamente encontros com profissionais que cada vez mais me faziam conhecer o mundo sem limites das palavras: mais maduras agora, elas me fizeram ir além: estudá-las mais de perto, torná-las mais íntimas. E o caminho da Semiótica me foi apresentado na obra de Nelson Rodrigues, depois foi possível adaptá-la para a leitura de outras obras. Também, ao lado da Semiótica, veio o contato com a Análise do Discurso e as palavras ganharam mais força e perderam de vez a pureza e ingenuidade para se carregarem de intencionalidade. E quanta ideologia carregam, mas ainda continuam transformadoras, enigmáticas, carregadas de sutis delicadezas, perceptíveis pela agudeza de almas que se transmutam e por elas se deixam seduzir.
E nessa trajetória de descobertas, já se foram 27 anos de trabalho, na escola pública e, paralelo, mais 10 anos na Educação Superior. E, agora, mais uma experiência: fazer parte do grupo de Santa Catarina que trabalha com o Gestar II. É uma nova aprendizagem, permeada por palavras, sempre desafiantes.
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