domingo, 2 de agosto de 2009

Reletindo relações...

Lembro-me de um texto chamado “Recado ao Senhor 803” no qual o autor pontua a vizinhança que tem e que de tudo reclama, só não reclamam do vizinho mais imprevisível, temperamental, surpreendente!!
Este vizinho é realmente incrível: ora é suave, inspirador, tranqüilo, quase manso. Lambe suavemente a amada, com a sutileza de um amante profissional, espumando-lhe o rosto, amando-a de forma terna e absoluta. Mas seu temperamento indomável, no momento seguinte, transforma-o num agressor, violento. A face, antes acarinhada, agora é fustigada, arranhada, esfolada... a pele alva encrespa-se, desmancha-se, dilui-se... Suas partes ficam amalgamadas... Um torna-se o outro, o outro se torna um.
Tempo depois, voltam à calma, murmúrios ofegantes, novos afagos deliciosamente delicados. Um pedido de perdão, novas promessas feitas ao sabor da brisa leve.
Entretanto, como todo amante em lua- de- mel, ela sabe que a brisa será vento, o vento, furacão e os arroubos de paixão desenfreada tornarão a fustigá-la e novamente a calmaria da lua cheia, prateando as noites, olhares de amor sem medidas, mansidão. Ah, auroras luminosas de um sol namorador a esticar braços lânguidos sobre os eternos amantes que, antes de estarem exauridos, ávidos estão pelo novo devir.
Nada melhor que ter para as noites solitárias e de vazio interior, o mar a contar suas histórias de mistério e glamour.
Luiza Liene Bressan

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