sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Relatório Reflexivo


Área de Formação: Língua Portuguesa
Coordenador da Área de Formação: Prof. Dr. Dioney M. Gomes
Formadora - UnB: Andreia Alves dos Santos
Formadora Estadual: Luiza Liene Bressan
Estado: SC Município: Orleans
Nº de cursistas: 06 (seis) cursistas
Mês de referência: Setembro/ Outubro/2009

Nossos encontros nos meses de setembro e outubro transcorreram normalmente. No último encontro do mês de setembro, o grupo se deslocou até Criciúma e junto aos demais grupos da 21ª Regional participou de uma Oficina Livre. O tema da oficina foi: Semiótica e Ensino: caminhos da interdisciplinaridade. Conforme depoimentos recebidos, a oficina contribuiu para ampliar os conhecimentos e as discussões sobre o ensino de língua materna. Também realizamos visitas nas escolas onde os professores participam do programa de formação continuada e constatamos como os projetos interdisciplinares estavam sendo aplicados. Foi muito prazerosa esta etapa, pois nos possibilitou observar a aceitação do projeto Gestar II e como sua proposta metodológica facilita a ação pedagógica.
Também foi feita a publicação da coletânea de trabalhos produzida pelas cursistas Marina e Roseli, intitulada “Visconde e Prosa e Verso”. Foi uma solenidade muito significativa, pois possibilitou que os alunos da escola se entendessem como “autores” e não apenas reprodutores de textos.
Outro trabalho muito interessante está sendo desenvolvido na E.E.F. Costa Carneiro, onde as professoras Giane e Elizandra estão organizando também uma coletânea de textos para publicar (já no prelo). Esta coletânea receberá o nome de “Escritores do Costa Carneiro” e tem previsão de lançamento para meados de dezembro, coincidindo com o encerramento do ano letivo.
Na escola “Ernani Cotrin” acompanhamos os trabalhos das professoras Dóris e Ramira, que a partir de leituras realizadas com os alunos produziram um excelente trabalho que, posteriormente, foi apresentado na unidade escolar.
Na escola “Toneza Cascaes” acompanhamos o trabalho desenvolvido pela cursista Paula, cujo projeto de leitura ganhou vida, cores e formas na apresentação dramatizada. O mesmo trabalho também foi desenvolvido pelo cursista Lucas, na escola de Treviso, por Danielly, na escola “José Antunes Matos” de Pindotiba e por Márcia Beatriz Spricigo, na escola “Tito Carvalho” de Oratório.
Merece também destaque o trabalho desenvolvido pela professora Simone na escola “José Heleodoro Barreto Júnior, de Lauro-Müller. A professora trabalhou seu projeto que culminou numa apresentação teatral, envolvendo todas as turmas da escola e uma sétima série da escola “Visconde de Taunay”. A temática girava sobre a questão da gravidez na adolescência, que atraiu a atenção de todos.
Em relação aos TPs, estamos em fase conclusiva de estudo. Nesses encontros discutimos os assuntos do TP1, refletindo sobre as questões de linguagem e cultura. Também fizemos um excelente trabalho sobre “variantes lingüísticas”, uma vez que a miscigenação de povos na região muito contribui nesse aspecto. Nossos falares trazem estas marcas tão exemplificadoras da interface língua/cultura.
Em fase final está o TP2. Nesse estamos enfatizando as produções locais. No município de Orleans, há a “Academia Orleanense de Letras” que organizou o terceiro encontro de academias de Letras do estado de Santa Catarina, nos dias 25 e 26 de setembro. Nestes dias a comunidade pôde conhecer alguns nomes significativos das Letras catarinenses e muitas foram as apresentações culturais com a participação de alunos de nossas cursistas. Tal encontro possibilitou ampliar os conhecimentos já anunciados nos encontros do Gestar II.
Enfatizamos, mais uma vez, as ricas trocas de conhecimento que são proporcionadas e a ampliação do universo de possibilidades metodológicas que se abrem a partir de um trabalho com linguagem, tendo como centro “os textos” e suas múltiplas faces.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Palavrrões também são importantes- Luis Fernando Veríssimo

Os palavrões não nasceram por acaso. São recursos extremamente válidos e criativos para prover nosso vocabulário de expressões que traduzem com a maior fidelidade nossos mais fortes e genuínos sentimentos. É o povo fazendo sua língua. Como o Latim Vulgar, será esse Português Vulgar que vingará plenamente um dia. Sem que isso signifique a "vulgarização" do idioma, mas apenas sua maior aproximação com a gente simples das ruas, dos escritórios, seus sentimentos, suas emoções, seu jeito, sua índole.
"Pra caralho", por exemplo. Qual expressão traduz melhor a idéia de muita qualidade do que "Pra caralho"? "Pra caralho" tende ao infinito, é quase uma expressão matemática. A via-láctea tem estrelas pra caralho, o sol é quente pra caralho, o universo é antigo pra caralho, eu gosto de cerveja pra caralho, entende?
No gênero do "pra caralho", mas, no caso, expressando a mais absoluta negação, está o famoso "nem fodendo!". O "Não, não e não!", assim como o "Absolutamente não" já soam sem nenhuma credibilidade.
O "nem fodendo!" é irretorquível, e liquida o assunto. Te libera, com a consciência tranquila, para outras atividades de maior interesse em sua vida. Aquele filho pentelho de 17 anos te atormenta pedindo o carro para ir surfar no litoral? Não perca tempo nem paciência. Solte logo um definitivo:
Marquinhos, presta atenção, filho querido, "NEM FODENDO!".
O impertinente se manca na hora e vai para o Shopping se encontrar com a turma numa boa e você fecha os olhos e volta a curtir o CD do Caetano Veloso.
Por sua vez, "porra nenhuma!" atendeu tão plenamente as situações onde nosso ego exigia não só a definição de uma negociação, mas também o justo escárnio contra descarados blefes, que hoje é totalmente impossível imaginar que possamos viver sem ele em nosso cotidiano profissional. Como comentar a bravata aquele chefe idiota senão com um "é PhD porra nenhuma!", ou "ele redigiu aquele relatório sozinho porra nenhuma!". O "porra nenhuma", como vocês podem ver, nos provê sensações de incrível bem estar interior. É como se estivéssemos fazendo a tardia e justa denúncia pública de um canalha.
Há outros palavrões, igualmente clássicos. Pense na sonoridade de um "puta-que-o-pariu!", falados asssim, cadenciadamente, sílaba por sílaba. Diante de uma notícia irritante qualquer um "puta-que-o- pariu!" dito assim te coloca outra vez em seu eixo. Seus neurônios têm o devido tempo e clima para se reorganizar e sacar a atitude que lhe permitirá dar um merecido troco ou o safar de maiores dores de cabeça.
E o que dizer de nosso famoso "vai tomar no cu!"? E sua maravilhosa e reforçadora derivação "vai tomar no meio do seu cu!". Você já imaginou o bem que alguém faz a si próprio e aos seus quando, passado o limite do suportável!, se dirige ao canalha do seu interlocutor e solta: "Chega! Vai tomar no meio do seu cu!". Pronto, você retomou as rédeas de sua vida, sua auto-estima. Desabotoa a camisa e sai à rua, vento batendo na face, olhar firme, cabeça erguida, um delicioso sorriso de vitória e renovado amor-íntimo nos lábios.
E seria tremendamente injusto não registrar aqui a expressão de maior poder de definição do Português Vulgar: "Fodeu!". E sua derivação mais avassaladora ainda: "Fodeu de vez!". Você conhece definição mais exata, pungente e arrasadora para uma situação que atingiu o grau máximo imaginável de ameaçadora complicação? Expressão, inclusive, que uma vez proferida insere seu autor em todo um todo umprovidencial contexto interior de alerta e auto-defesa. Algo assim como quando você está dirigindo bêbado, sem documentos do carro e sem carteira de habilitação e ouve uma sirene de polícia atrás de você mandando você parar: O que você fala? "Fodeu de vez!".
Sem contar que o nível de stress de uma pessoa é inversamente proporcional quantidade de "foda-se!" que ela fala. Existe algo mais libertário do que o conceito do "foda-se!"? O "foda-se!" aumenta minha auto-estima, me torna uma pessoa melhor. Reorganiza as coisas. Me liberta. "Não quer sair comigo? Então foda-se!". "Vai querer decidir essa merda sozinho (a) mesmo? Então foda-se!". O direito ao "foda-se!" deveria estar assegurado na Constituição Federal. Liberdade, igualdade, fraternidade e Foda-se!".

Relatório Reflexivo sobre as Atividades do Gestar II

Área de Formação: Língua Portuguesa
Coordenador da Área de Formação: Prof. Dr. Dioney M. Gomes
Formadora - UnB: Andreia Alves dos Santos
Formadora Estadual: Luiza Liene Bressan
Estado: SC Município: Orleans
Nº de cursistas: 07 (sete) cursistas
Mês de referência: Setembro/2009

Relatório das Atividades Desenvolvidas no GESTAR II

Realizamos mais três encontros no mês de agosto. Nestes encontros continuamos as discussões acerca do planejamento da escrita e da argumentação na linguagem. O TP6 é um volume bastante amplo e as discussões acerca da argumentação merecem muita atenção, pois este tipo de texto e seus gêneros circulam na sociedade e, na maioria das vezes, são formadores de opinião. Nossos cursistas desenvolveram muitas atividades em sala de aula, sob a orientação dos professores formadores, objetivando desenvolver metodologias que auxiliem na aplicação prática destas atividades e que se tornem fazeres cotidianos nas escolas, uma vez que a linguagem humana está carregada de intencionalidade e precisa ser compreendida em seus vieses para que possamos interagir com práticas sociais na sociedade.
Bichibichi nos diz que a argumentação busca convencer, influenciar, persuadir alguém, defender ou repudiar uma tese ou ponto de vista. E sendo a argumentatividade fundamental para a interação social por intermédio da língua, tem-se a importância de fazer um trabalho efetivo na escola que leve o aluno a desenvolver essa habilidade tão necessária para torná-lo um cidadão capaz de atuar plenamente na sociedade. Por isso, este trabalho apresenta as características básicas da argumentação e procura identificar essas características em diferentes gêneros textuais, para demonstrar que a argumentação é ato inerente à língua, independentemente do suporte de que a mesma se utiliza.
Koch (2006) defende que o ato linguístico fundamental é a argumentação “isto é, de orientar o discurso no sentido de determinadas conclusões, constitui o ato lingüístico fundamental, pois a todo e qualquer discurso subjaz uma ideologia, na acepção mais ampla do termo”. (KOCH, 2006,p. 17).
O professor de Português deve desenvolver a capacidade argumentativa de seus alunos, pautando-se em um ensino e aprendizagem que leve em conta os textos, que se concretizam na forma de gêneros textuais falados e escritos), para que aprimorem o domínio discursivo na oralidade, leitura e escrita e assim possam desenvolver técnicas para realizar a argumentação e também desenvolver o senso crítico para reconhecer argumentações vazias de conteúdo, credibilidade, quando se depararem com elas e não se deixarem envolver por um discurso eloquente, envolvente, mas sem grande significação.
No Brasil, embora os Parâmetros Curriculares de Língua Portuguesa orientem para a necessidade de se desenvolver a capacidade de contraposição e argumentação de ideias desde as primeiras séries do ensino fundamental, o ensino mais sistemático da argumentação é introduzido nas aulas de língua portuguesa muito tardiamente, se observamos, por exemplo, as coleções didáticas que subsidiam o trabalho de muitos professores.
Além dessas discussões, visitamos nossos cursistas em suas escolas, prestando colaboração na aplicação do projeto interdisciplinar. Ficamos muito satisfeitas ao perceber o empenho dos alunos na execução das atividades propostas e como o docente está envolvido com as propostas de trabalho do Gestar II. Alguns gestores escolares manifestaram seu contentamento com o trabalho que está em desenvolvimento nas unidades escolares.
Como formadora, sinto que, a cada encontro, apesar das dificuldades em função de políticas educacionais nem sempre motivadoras, os professores estão comprometidos, participam entusiasticamente das atividades e estão muito conscientes de seu papel transformador na sociedade. Assim, para mim, o programa provocou um crescimento profissional significativo, motivando o desenvolvimento de metodologias que enriquecem o fazer pedagógico em sala de aula.
No Brasil, embora os Parâmetros Curriculares de Língua Portuguesa orientem para a necessidade de se desenvolver a capacidade de contraposição e argumentação de ideias desde as primeiras séries do ensino fundamental, o ensino mais sistemático da argumentação é introduzido nas aulas de língua portuguesa muito tardiamente, se observamos, por exemplo, as coleções didáticas que subsidiam o trabalho de muitos professores.

domingo, 23 de agosto de 2009

Produzindo Textos

Escolhas/ Opções
Danielly Spricigo


Observando três imagens aparentemente incoerentes podemos encontrar fatores em comum, podemos estabelecer diálogo com estes textos não verbais.
Na primeira objetivamente vemos um grupo de pessoas dando um banho em outro, na segunda vemos um animal fazendo um gesto e na terceira observamos algumas flores. Veja que nelas transparece alegria e um toque negro também. Na primeira no fato da alegria da brincadeira e no constrangimento ou misto de medo e ansiedade de quem está embaixo, aguardando ou sendo surpreendido com aquela água, na segunda não consigo diagnosticar felicidade ou tristeza na expressão felina, mas o misto de cores claras e escuras que nos deixam a indecisão e na última o mesmo misto de beleza e sobriedade, no confronto claro / escuro, porém ambas são confusas não temos como dar uma precisão para cada fato, o que se quer com cada uma, podemos apenas afirmar que são o resultado do trabalho de alguém, seja este um fotógrafo amador, querendo registrar algo que lhe chamou atenção ou parte da obra de algum artista, que fez a opção de registrar estes momentos.
Assim também é a vida de cada um de nós. Um misto de alegria e tristeza, um desafio, um caminho cheio de opções onde somos obrigados a fazer escolhas o tempo todo, assim como o artista escolheu estas cenas que lhes devem transmitir algo ou ser simplesmente fruto de sua escolha, nós também passamos nossos dias fazendo escolhas e optando por algo.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Relatório das Atividades

Área de Formação: Língua Portuguesa
Coordenador da Área de Formação: Prof. Dr. Dioney M. Gomes
Formadora - UnB: Andreia Alves dos Santos
Formadora Estadual: Luiza Liene Bressan
Estado: SC Município: Orleans
Nº de cursistas: 07 (sete) cursistas
Mês de referência: Agosto/2009

Relatório das Atividades Desenvolvidas no GESTAR II
Iniciamos o TP6 no dia 03/08/09. Apresentamos aos cursistas um breve referencial teórico sobre Argumentação e Linguagem. Sugerimos aos cursistas a leitura extra do livro “Linguagem e Persuasão”, de Adilson Citelli para que aprofundassem os conhecimentos sobre o assunto em questão. Feitas as considerações iniciais, passamos a discutir as marcas de argumentatividade na organização dos textos, conforme objetivo da primeira seção.
Na sequência, o grupo foi dividido em equipes de três membros e cada grupo resolveu as atividades da primeira seção. Logo em seguida, os grupos socializaram as respostas e foi promovido um debate sobre a questão da construção de argumentos.
O segundo encontro do mês, que seria no dia 09/08/09, não aconteceu ainda. Nosso objetivo era discutir as seções seguintes do TP5. Em função dos cancelamentos de atividades que aglomeram pessoas, decreto expedido pelas autoridades estaduais e municipais, em função do avanço do vírus H1N1, o encontro foi transferido. Enviamos material para estudo via correio eletrônico, sugerimos que fizessem algumas atividades sobre os recursos que utilizamos para (in) validar um argumento.
Podemos dizer que o grupo é muito coeso e que tem produzido muito em todas as etapas do Gestar II. Combinamos que nos próximos meses visitaremos as unidades escolares onde atuam no sentido de prestigiar o empenho na execução das atividades do Gestar e mediar a aplicação do projeto que estão desenvolvendo. Nossa sugestão foi bem recebida e ficaram satisfeitos com a preocupação que temos em relação ao desempenho docente de cada participante.
Nosso grupo também tem demonstrado muito interesse em aprofundar questões teórico-metodológicas abordadas nos TPs e as trocas de informações, sugestões de leituras são feitas em todos os encontros. Procuramos fomentar, sempre que possível, a busca por leituras complementares para avançar na construção de conhecimentos. Percebemos, muitas vezes, que o professor (na sua maioria licenciado em Letras) não conhece algumas abordagens contempladas nos TPs, pois nem sempre as instituições formadoras propiciam o contato com algumas correntes de estudo. Então, conforme as necessidades manifestadas e acordadas no grupo, sugerimos outras leituras e, posteriormente, discutimos seus aspectos mais significativos. Este trabalho em parceria tem apresentado bons resultados. Salientamos, também, que os materiais socializados pelos formadores da UnB são excelentes suportes didáticos para a realização dos encontros. Sempre que os tiverem, socializem conosco, são excelentes ferramentas que auxiliam tanto ao formador quanto ao cursista.
Desde o seu início, a implantação de um programa de formação continuada cuja duração se estende durante um ano letivo inteiro, gerou algumas controvérsias. Ainda não está na cultura docente a necessidade que temos de estar em constante aperfeiçoamento. No entanto, os que assumiram participar estão muito comprometidos, dispostos e, principalmente, perspectivando uma docência de maior qualidade e voltada para práticas sociais onde a escrita e a compreensão do mundo letrado ocupa o centro da construção de conhecimento e da busca por uma formação mais ampla e cidadã. O desafio de ser professor é diário e a sociedade atual prima pelo conhecimento de base científica e ampara pelos altos recursos tecnológicos de que já dispomos para que o conhecimento seja socializado sem fronteiras.

domingo, 2 de agosto de 2009

Reletindo relações...

Lembro-me de um texto chamado “Recado ao Senhor 803” no qual o autor pontua a vizinhança que tem e que de tudo reclama, só não reclamam do vizinho mais imprevisível, temperamental, surpreendente!!
Este vizinho é realmente incrível: ora é suave, inspirador, tranqüilo, quase manso. Lambe suavemente a amada, com a sutileza de um amante profissional, espumando-lhe o rosto, amando-a de forma terna e absoluta. Mas seu temperamento indomável, no momento seguinte, transforma-o num agressor, violento. A face, antes acarinhada, agora é fustigada, arranhada, esfolada... a pele alva encrespa-se, desmancha-se, dilui-se... Suas partes ficam amalgamadas... Um torna-se o outro, o outro se torna um.
Tempo depois, voltam à calma, murmúrios ofegantes, novos afagos deliciosamente delicados. Um pedido de perdão, novas promessas feitas ao sabor da brisa leve.
Entretanto, como todo amante em lua- de- mel, ela sabe que a brisa será vento, o vento, furacão e os arroubos de paixão desenfreada tornarão a fustigá-la e novamente a calmaria da lua cheia, prateando as noites, olhares de amor sem medidas, mansidão. Ah, auroras luminosas de um sol namorador a esticar braços lânguidos sobre os eternos amantes que, antes de estarem exauridos, ávidos estão pelo novo devir.
Nada melhor que ter para as noites solitárias e de vazio interior, o mar a contar suas histórias de mistério e glamour.
Luiza Liene Bressan

Fazendo pose...


domingo, 12 de julho de 2009

Um homem, um poema, muitas imagens...

Desencanto

Manuel Bandeira

Eu faço versos como quem chora
De desalento... de desencanto...
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.
Meu verso é sangue. Volúpia ardente...
Tristeza esparsa... remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.
E nestes versos de angústia rouca,
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.
Eu faço versos como quem morre.

Projetando... gestando no Gestar II


Na biblioteca... em construção


Trabalhando o Projeto


Relatório das Atividades Desenvolvidas

Iniciamos o TP5 no dia 15/06/09. Apresentamos aos cursistas um breve referencial teórico sobre Coerência e Coesão, apoiados no material do Gestar e em Ingedore Villaça Koch. Após a apresentação e discussão do material, encaminhamos as atividades que os cursistas resolveram em sala e socializaram com o grupo as conclusões sobre o o trabalho realizado, o grau de dificuldade encontrado. As atividades propostas foram as das p. 21 e 22 do TP5. Em seguida, os cursistas selecionaram as atividades que seriam desenvolvidas com os alunos nas unidades escolares.
No dia 22/06/09 atendemos os grupos individualmente para elaborar o projeto interdisciplinar. Esta atividade foi desenvolvida na biblioteca do Centro Universitário Barriga Verde- Unibave. Optamos por esta local em função do acervo bibliográfico que teríamos à disposição para realizar os trabalhos. Definidos os temas norteadores dos projetos, os cursistas elaboraram um breve referencial teórico, objetivando justificar a escolha do tema e adequá-lo às expectativas do programa Gestar II. O grupo sempre muito participativo discutiu e formatou o projeto, delineando os aspectos gerais e perspectivando atividades que serão desenvolvidas. Em algumas escolas, outros profissionais também participarão do projeto, ampliando, assim, as possibilidades de um trabalho integrado na unidade escolar.
No encontro do dia 29/06/09, socializamos as atividades aplicadas pelos cursistas, fazendo uma avaliação oral das mesmas.
Os cursistas têm demonstrado muito empenho e avaliado de forma positiva, tanto o material quanto as orientações que recebem da formadora. A cada encontro há novos depoimentos, salientando a praticidade do material e o quanto auxilia o professor, pois as atividades são diversificadas e proporcionam um avanço no ensino de língua, fundamentado a partir de trabalhos que exploram os gêneros textuais.
O TP5 traz à discussão os gêneros textuais produzidos em versos. Assim, discutimos e relembramos com o grupo questões de Estilísticas. Poemas e poetas: estes assuntos trazem muitos questionamentos a todos que se envolvem com o ensino de língua. O que é poesia? O que são poemas? O que são versos? Como ensinar a escrever poemas? Nosso objetivo com este encontro foi o de criar um espaço para a reflexão sobre o assunto antes de propor um caminho para o importante e necessário trabalho com poesia em sala de aula.
Para nos auxiliar no desenho desse caminho, falamos que alguns teóricos admitem uma grande divisão em dois gêneros para toda produção escrita da humanidade, desde os primórdios até hoje: a poesia e a prosa. Esses dois grandes gêneros se subdividem em inúmeros outros. No caso da prosa, podemos citar gêneros literários, como romances, contos e crônicas; gêneros originados do trabalho científico, como os artigos e relatórios; gêneros jornalísticos, como notícias e reportagens, entre infinitos outros gêneros. No caso da poesia, também há uma subdivisão em grandes gêneros, como o gênero épico ou o gênero lírico, entre outros.
Feitas essas reflexões, os grupos começaram a discutir algumas ideias para criar em suas escolas oficinas de textos poéticos, cujo objetivo é incentivar a produção de textos em versos, explorando os recursos a criação literária.
No dia 06/07/09 nosso encontro versou sobre as questões linguísticas que podem ser exploradas a partir dos textos em versos. Cada cursista fez uma abordagem sobre algum aspecto normativo de que tem tratado. Dependendo da série, as abordagens vão desde a exploração das figuras de linguagem até classes gramaticais nomeadoras, caracterizadoras, etc. O avanço do grupo nas discussões a cerca do ensino de língua é visível. A cada encontro aparecem mais sugestões de atividades de linguagem, geradas com o uso do material. Os cursistas também comparam as séries que fazem uso do material com às que não utilizam e relatam que os alunos se sentem mais motivados a participar das aulas. A motivação é tão grande que alguns cursistas que trabalham na mesma unidade escolar estão articulando com a direção a publicação do material produzido pelos alunos. Temos incentivado estes cursistas e na medida do possível, buscado recursos para viabilizar financeiramente este projeto.

domingo, 14 de junho de 2009

O grupo de Língua Portuguesa- Regional de Criciúma







Relatório das Atividades

Universidade de Brasília - UnB
Decanato de Extensão - DEX
Centro de Interdisciplinar de Formação Continuada
Área de Formação: Língua Portuguesa
Coordenador (a) da Área de Formação: Prof. Dr. Dioney M. Gomes
Formadora - UnB: Andreia Alves dos Santos
Formadora Estadual: Luiza Liene Bressan
Estado: SC Município: Orleans
Nº de cursistas: 06 (seis) cursistas
Mês de referência: Junho/2009


Relatório das Atividades Desenvolvidas no GESTAR II

Iniciamos o TP4 no dia 25/05/09. Apresentamos aos cursistas um breve referencial teórico sobre Alfabetização, Letramento e Cultura, apoiados no material do Gestar e em Magda Soares. Após a apresentação e discussão do material, encaminhamos as atividades das p.16 e 17 do TP4. Concluidas as atividades, foram socializadas no grupo e feitos os encaminhamentos para selecionar as atividades que os cursistas iriam desenvolver com os alunos nas unidades escolares.
Neste dia, foram feitas as primeiras discussões para elaboração do projeto interdisciplinar.
No encontro do dia 01/06/09, socializamos as atividades aplicadas pelos cursistas, fazendo uma avaliação oral das mesmas. Os cursistas relataram os avanços que estão acontecendo nas turmas onde o material do Gestar é aplicado, a evolução na resolução das atividades e como os alunos demonstram interesse em participar das aulas. A maioria dos professores se sentem tranquilos na aplicação do material e relatam as experiências de forma transparente. Há relatos sobre as dificuldades de compreensão dos textos, gerados pela pouca leitura dos alunos. Os cursistas tem de ajudá-los na compreensão de palavras, pois poucos fazem uso do dicionário. Outra situação relatada diz respeito ao pouco conhecimento sobre alguns temas do material. Os professores revelam que, por mais que incentivem o desenvolvimento pelo prazer da leitura, a mesma não se constitui numa prática cotidiana nos ambientes escolares. Neste encontro foi, então, discutido a temática para o projeto: a leitura, como desenvolvê-la nas unidades escolares e que metodologias poderiam ser usadas para que os alunos desenvolvam o gosto pela leitura. Para encerrar este encontro, apresentamos o Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB). Usamos como material de referência o material produzido pelo MEC- Plano de Desenvolvimento da Educação- Matrizes de Referência, Temas, Tópicos e Descritores- 2009.
No dia 08/06/09, o encontro aconteceu no Centro Universitário Barriga Verde- Unibave- de Orleans. Lá, com a ajuda do prof. Evandro Martignago do departamento de Informática da instituição e com a mediação das formadoras Luiza, Luciana e Viviane, os cursistas começaram a desenvolver o portfólio eletrônico. O entusiasmo foi contagiante. Agora, cada cursista tem seu blog e suas atividades são acompanhadas pelo formador online. Neste dia, ouvimos comentários muito positivos sobre a importância de participar do grupo de capacitação e o quanto estavam aprendendo.
De forma sucinta, podemos apontar que a receptividade do programa é muito positiva e que a troca de experiências tem se caracterizado como uma das melhores ferramentas para o professor que, constantemente, pode refletir sobre sua prática pedagógica e redimensioná-la, apoiado no material e nas trocas propiciadas pelos encontros semanais.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Frases socializadas com os cursistas

“A educação é aquilo que sobrevive depois que tudo o que aprendemos foi esquecido." (Burruhs Frederic Skinner)
"Educar a inteligência é dilatar o horizonte dos seus desejos e das suas necessidades." (James Russell Lowell)
"A única coisa que interfere com meu aprendizado é a minha educação." (Albert Eisntein)
"Educar é crescer. E crescer é viver. Educação é, assim, vida no sentido mais autêntico da palavra". (Anísio Teixeira)
"O grande segredo da educação pública de hoje é sua incapacidade de distinguir conhecimento e sabedoria. Forma a mente e despreza o caráter e o coração. As consequências são estas que se vê." (Theodore Palmquistes)
"A verdadeira educação consiste em pôr a descoberto ou fazer atualizar o melhor de uma pessoa. Que livro melhor que o livro da humanidade?" (Mahatma Gandhi).
"A principal meta da educação é criar homens que sejam capazes de fazer coisas novas, não simplesmente repetir o que outras gerações já fizeram. Homens que sejam criadores, inventores, descobridores. A segunda meta da educação é formar mentes que estejam em condições de criticar, verificar e não aceitar tudo que a elas se propõe." (Jean Piaget)
"O verdadeiro órfão é aquele que não recebeu educação." (Etienne Bonnot de Condillac)

"O grande segredo da educação consiste em orientar a vaidade para os objetivos certos." (Adam Smith)
"A educação é o maior e mais difícil problema imposto ao homem." (Immanuel Kant)
"Não se pode falar de educação sem amor". (Paulo Freire)
"Todas as crianças deveriam ter direito à escola, mas para aprender devem estar bem nutridas. Sem a preparação do ser humano, não há desenvolvimento. A violência é fruto da falta de educação." (Leonel Brizola)
"Educar mal um homem é dissipar capitais e preparar dores e perdas à sociedade." (Voltaire)
"Educação nunca foi despesa. Sempre foi investimento com retorno garantido." (Arthur Lewis)
"Se você acha que a educação é cara, tenha a coragem de experimentar a ignorância." (Derek Bok)
"A felicidade dos povos e a tranquilidade dos Estados dependem da boa educação da juventude." (Emilio Castelar)
"O homem não é nada além daquilo que a educação faz dele." (Immanuel Kant)
"A educação é para a alma o que é a escultura para o bloco de mármore." (Joseph Addison)
"Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela, tampouco, a sociedade muda." (Paulo Freire)
"Os filhos tornam-se para os pais, segundo a educação que recebem, uma recompensa ou um castigo." (J. Petit Senn)
"Educar es depositar en cada hombre toda la obra humana que le ha antecedido." (José Martí)

Fábula- Luís Fernando Veríssimo

Pequena fábula infantil hortifrutigranjeira.
Era a grande a revolta na geladeira. Todos protestavam contra o peixe, que já estava pra lá de escabeche e obviamente ultrapassara todos os graus de tolerância dos seus convivas dentro daquele espaço apertado. Não era culpa do peixe, claro. Ele simplesmente ficara ali mais tempo do que o devido. Mas precisava compreender que não dava mais. Não dava.
O leite, desnaturado, era dos mais exaltados.
- Fora! – gritava espumando de raiva.
O pimentão também se agitava.
- Fora! – gritava vermelho.
Os embutidos, ensimesmados, não diziam nada, mas o presunto, que não tinha qualquer sofisticação, que era um cru, murmurava palavrões. Aquele peixe tinha que sair! As bebidas tilitavam, nervosas, e a garrafa de mineral, sempre mal-humorada- problema de gases-, gritava:
_ Fora! Fora!
O queijo não tinha moral para falar do mau cheiro de ninguém, mas o peixe já passara dos limites do socialmente aceitável. E o queijo também dizia:
- Fora!
Até o gelo, abandonando a sua conhecida atitude cool, se manifestava:
- Fora!
Nem todos, é verdade, eram tão radicais. A carne, do tipo mignon, pedia consideração para com o pobre senhor peixe. A galinha dizia que tinha pena dele. As abobrinhas, entretidas numa conversa interminável, não prestavam atenção em mais nada, mas a manteiga e os ovos, que apesar do seu exterior aparentemente duro eram moles por dentro, achavam que o melhor era argumentar com o peixe e convencê-lo a sair, numa boa.
A verdade é que todos, com exceção dos que, como a cebola, estavam comprometidos com o prato do peixe, queriam a sua saída.
Foi quando o peixe resolveu falar.
- Quero ficar mais tempo- disse.
Ouviram-se gemidos dos outros ocupantes da geladeira. Os aspargos sacudiram a cabeça. “Madonna”, exclamou a lingüiça calabresa. Será que o peixe não compreendia que estava contaminando todo o ambiente? Como se não bastasse aquele inferno de viverem todos amontoados, no escuro- justamente quando a porta se fechava e precisavam da luz artificial, ela se apagava!- , ainda tinham que agüentar um peixe estragado em seu meio?
Mas o peixe insistia.
- Quero ficar – disse- para ter tempo de me recuperar.
Os outros se entreolharam. Mas como? Não havia, em toda a história das geladeiras, um único precedente para aquilo. Um prato de peixe deteriorado se recuperar com o tempo?
- Que absurdo! – disse o iogurte, azedo.
E os outros começaram a gritar, já no fim da sua paciência.
- Chega!
- Nós queremos um peixe fresco!
- Fora!
Enquanto isso, segregadas dentro de um pote, as azeitonas observavam tudo com seus olhinhos pretos.
Luís Fernando Veríssimo, Revista Veja. São Paulo. Abril.

Atividades

A que tipologia textual pertence este texto?
Em que gênero você o classificaria? Por quê
Reuna-se num grupo e organize uma aula a ser aplicada com a turma que você escolheu para desenvolver o projeto do Gestar II. Esta atividade serve também para que possamos ter atividades alternativas de avaliação.
Organize a aula da forma que julgar mais adequada ao seu grupo.

Frases do Educador Paulo Freire


O mundo não é, o mundo está sendo." Paulo Freire

"O erro é um equívoco de endereço da curiosidade." Paulo Freire

"É impossível encontrar neutralidade na educação. É ingenuidade ou astúcia." Paulo Freire

"Todo futuro é a criação que se faz pela transformação do presente." Paulo Freire

"A tarefa mais importante de uma pessoa que vem ao mundo é criar algo." Paulo Freire

"Mudar sim, mas reconhecer a mudança. Preciso ser coerente com o direito que tenho de mudar." Paulo Freire

"Não é na resignação, mas na rebeldia em face das injustiças que nos afirmaremos." Paulo Freire


Ninguém ignora tudo, ninguém sabe tudo. Por isso, aprendemos sempre." Paulo Freire

"Ninguém educa ninguém, ninguém se educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo." Paulo Freire

"Nenhum educador de mediano bom senso vai achar que a educação, por si só, liberta. Mas também não pode deixar de reconhecer o papel da educação na luta pela libertação." Paulo Freire

"Há duas condições para você ser eficaz no trabalho. Uma que seja competente no que faz. Em segundo lugar, não acredito em eficácia quando se faz a coisa sem que haja uma entrega. É preciso também exigir respeito por nosso trabalho." Paulo Freire

Aprendendo a lidar com as Tecnologias

No último dia 08/06/09, os grupos das formadoras Luciana, Luiza e Viviane foram ao laboratório de Informática do Centro Universitário Barriga Verde- Unibave. Lá os cursistas tiveram um encontro com o professor Evandro Martgnago, um dos responsáveis pela área tecnológica da instituição. Com o auxílio do citado professor e a mediação das formadoras, todos os cursistas criaram um blog que servirá como referência na construção do processo avaliativo do Gestar II. Foi uma tarde bastante produtiva e tanto formadoras, cursistas como o prof. Evandro sentiram-se felizes com o sucesso alcançado. Agora, todos estamos conectados e seguimos uns aos outros, rumo à construção de conhecimentos cada vez mais significativos e na certeza de que, na sala de aula, com os alunos, faremos diferença.

Luiza's Group


domingo, 3 de maio de 2009

Algumas Reflexões sobre Tipologia e Gêneros Textuais (TP3)

O ato de aprender é sempre desafiante. Lembro-me de que um professor disse-me certa vez que “aprender dói”. Na época, acredito que não tenha compreendido tais palavras. Hoje as compreendo um pouco melhor. Aprender é sair da região do conforto onde nos instalamos e lançar a novos caminhos, antes ainda não percorridos. Tal atitude provoca desconforto, ansiedade, insegurança. Nossos conhecimentos parecem não ser suficientes para a jornada que temos de empreender.
Foi assim o sentimento de estar diante de um grupo onde todos compartilham os mesmos saberes, tem formação semelhante, experiências de docência. Apesar dos vinte e sete anos de experiência no ensino, trabalhar no Gestar II causou o famoso “friozinho na barriga”, sinal de alerta diante do novo e desconhecido. Os primeiros e inquietantes momentos foram dissipando e um companheirismo começou a surgir. Rompeu-se o silêncio e os participantes começaram a interagir. Assim, aos poucos, percebemos que sempre há o que aprender. Os diálogos foram aparecendo e sutilmente, as dúvidas também.
Como trabalho tipologia textual e gêneros nos cursos de formação de professores (Letras, Pedagogia), começamos a (re)estudar, revendo algumas conceituações necessárias. Marcuschi veio nos auxiliar na complementação do TP3. Foram excelentes as discussões e os cursistas nos confidenciaram que muito destes conteúdos não foram abordados no curso de Letras. Sabemos que, muitas vezes, a discussão teórica durante nossa formação não chega ao exercício de práticas que auxiliam na compreensão do quadro teórico. Neste aspecto, o material é se constitui num “ato de felicidade”, conforme Austin e Searle.
Acredito que ainda haverá muitos destes momentos ao longo da formação, tanto para mim, na condição de formadora, quanto aos cursistas. Aprender a aprender é um movimento ininterrupto e ousado. É necessário que estejamos abertos aos novos saberes e fazeres que se impõem no eterno movimento de mudança imposto pela evolução da espécie humana e das sociedades.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Memorial Reflexivo

Escrever. Dar asas às palavras. Torná-las doces quando estão acres. Amadurá-las antes que se lancem a outras bocas. Embebedá-las, deixá-las tontas de prazer. Eis o motivo pelo qual tenha me estirado as estudá-las, na vã tentativa de compreendê-las na sua essência, mergulhadas na eterna gravidez que ostentam.
Assim, comecei minha carreira: fascinada por livros que não tinha e nem recursos para comprá-los. Às escondidas, pegava um e outro na casa de um primo, sem seu consentimento. E fiz meus primeiros estudos lendo, devorando palavras, fugidias. E veio a adolescência e as indecisões, um curso técnico para fugir à imposição familiar de ser “professora”.
E então veio a frustração do emprego burocrático, emparedado, com um telefone incessante a interromper o oceano de palavras que insistiam em pulular na minha imaginação, formando teias, redes sem fim. Assim, em abril de 1981, abandonei o trabalho de secretária numa empresa que fabricava e exportava calçados. Sem trabalho e sem muito o que fazer, voltei a estudar. Desta vez, cursei o Magistério que oferecia habilitação para trabalhar com Educação Infantil e as primeiras Séries do Ensino Fundamental. Na fase do estágio, lia muito, muito e tentava não atrapalhar o trabalho que o docente desenvolvia com as crianças, mas não conseguia me envolver naquele trabalho. E algo sempre presente: ler, viajar nas asas daqueles que sempre tinham espaço para me abrigar. E vieram Machado de Assis, Graciliano Ramos e Jorge Amado. E o ano foi passando. Certo dia, numa avaliação da professora de Didática, esta pontuou aspectos de cada um dos estudantes. Quando me avaliou, fez a seguinte e inesquecível observação: “você pode não gostar e nem querer ser professora, mas se decidir mudar de ideia, poderá ser uma excelente profissional”.
Novamente o poder da palavra estava posto à prova. O final do ano chegou e a decisão estava tomada: faria vestibular para cursar Letras. E assim foi. Em 1982 iniciei o curso em Tubarão e também comecei a trabalhar com o ensino de Língua Portuguesa. Que desafio!!! Eram alunos mais maduros que eu, que tinham vivido a experiência de várias reprovações e repetiam de série constantemente. Foram eles que me ensinaram a ser tolerante, flexível, ponderada. Outra marca significativa foi a convivência com a professora de Literatura. Se já amava as palavras, esta profissional me fez mergulhar na amplitude das mesmas, vê-las em seu estado gestacional, sempre as mesmas, sempre outras, como à espera de quem lhes signifique, de quem as ponha à luz ou as afunde na escuridão lúgubre da tristeza daqueles que exorcizam por meio delas as amarguras da vida.
Em 1984, conclui o curso e já prestei concurso público. Em 1985, ingressei na rede pública estadual. Foram algumas viagens: Xaxim, Blumenau, Lauro-Müller, Orleans. Depois mais estudos: uma pós-graduação em Blumenau e novamente encontros com profissionais que cada vez mais me faziam conhecer o mundo sem limites das palavras: mais maduras agora, elas me fizeram ir além: estudá-las mais de perto, torná-las mais íntimas. E o caminho da Semiótica me foi apresentado na obra de Nelson Rodrigues, depois foi possível adaptá-la para a leitura de outras obras. Também, ao lado da Semiótica, veio o contato com a Análise do Discurso e as palavras ganharam mais força e perderam de vez a pureza e ingenuidade para se carregarem de intencionalidade. E quanta ideologia carregam, mas ainda continuam transformadoras, enigmáticas, carregadas de sutis delicadezas, perceptíveis pela agudeza de almas que se transmutam e por elas se deixam seduzir.
E nessa trajetória de descobertas, já se foram 27 anos de trabalho, na escola pública e, paralelo, mais 10 anos na Educação Superior. E, agora, mais uma experiência: fazer parte do grupo de Santa Catarina que trabalha com o Gestar II. É uma nova aprendizagem, permeada por palavras, sempre desafiantes.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Guia Geral

GESTAR II- SC


Programa de Formação Continuada em Serviço
Parceria: MEC E SED
Coordenadora de Grupo:
Carla Maria Michels Nurnberg
Formadora- Língua Portuguesa
Luiza Liene Bressan

Caracterização


Programa de formação semipresencial orientado para a formação de professores de Língua Portuguesa, objetivando a melhoria do processo ensino e aprendizagem.
Tem por base os Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa de (5ª a 8ª séries) (6º ao 9º anos).
Não perde de vista as orientações teórico metodológicas da PCSC.

Finalidade


Elevar a competência dos professores e de seus alunos e, consequentemente, melhorar a capacidade de compreensão e intervenção sobre a realidade sociocultural
Deve provocar a discussão e reflexão sobre os problemas de ensino, articulação com a proposta pedagógica e curricular e plano de ensino, bem como as formas de mobilização da comunidade em torno do projeto social e educativo da escola.


Modalidade do Programa


Formação semipresencial;
Oferece estratégias de estudo individual, visando a autonomia dos formados;
Inclui encontros presenciais para a realização de atividades como:
Troca de experiências e reflexão em grupos;
Esclarecimentos de dúvidas e questionamentos;


Professor Cursista


Professor estadual/municipal que ficará sob responsabilidade do professor formador;
Carga Horária: 120h presenciais e
180h a distância, perfazendo um total de 300h
A certificação será feita pela secretaria Municipal/Estadual.


Atribuições e Responsabilidade do Professor Formador para com o Cursista


Planejar os encontros presenciais e os planos de aulas;
Participar da apresentação e divulgação do Gestar;
Realizar o acompanhamento da prática pedagógica do professor cursista.


Executar as sessões presenciais;
Acompanhar ou orientar o estudo individual do professor cursista, a sua prática pedagógica, a ação do coordenador da escola.
Listar as dificuldades e demandas mais correntes na implementação do programa nas escolas e sugerir medidas de correção.


Processo Metodológico


Oficinas coletivas;
Plantão pedagógico;
Acompanhamento pedagógico;
Realização da atividade 2 da p. 21;
Relatórios quinzenais;
Atividades em sala de aula.


Organização do Material do Gestar II


1 Guia Geral;
1 Caderno de Cursista;
6 Cadernos de Teoria e Prática (TPs)
6 Cadernos de Atividades de Apoio à Aprendizagem (versão do professor);
6 Cadernos de Atividades de Apoio à Aprendizagem (versão do aluno).


Objetivos Gerais da Língua Portuguesa


Possibilitar ao professor de Língua Portuguesa de anos finais (séries finais do Ensino Fundamental) um trabalho que propicie aos alunos o desenvolvimento de habilidades de compreensão, interpretação e produção dos mais diferentes textos.


AAA – Caderno de Atividades de Apoio à Aprendizagem do Aluno


Objetivos:
Subsidiar as aulas com atividades individualizadas aos alunos que se diferem quanto ao ritmo e forma de aprendizagem;
Promover atividades para ensinar conteúdos que o aluno não aprendeu anteriormente e sanar deficiências detectadas ao longo do processo.


Organização dos Cadernos de Teoria e Prática


1.Iniciando nossa conversa (p. 45) Guia Geral
2.Seções
3.Importante
4.Lembrete
5.Atividades
6.Indo à sala de aula
7.Avançando na prática
8.Resumindo
9.Leituras sugeridas
10.Bibliografia
11.Ampliando nossas referências
12.Correção das atividades.


Formatação das 40h Iniciais


Estudos e aplicação dos TPs e Cadernos de Atividades 03, 04 e 05;
01 Oficina Livre – Discussão do Novo Acordo Ortográfico;
Elaboração do Projeto a ser aplicado no 2º Semestre;
Orientações.


Sistema de Avaliação do Professor Cursista

Direitos e deveres (p.50) Guia Geral; Frequência, Lição de casa ou socializando o conhecimento (portfólio), projeto.


sexta-feira, 27 de março de 2009

Eu quero mais, e você?

Em todas as encruzilhadas da vida é necessário saber o que, como, quando e onde, se pode fazer alguma coisa para mudar, superar, revidar ou mesmo assimilar e aceitar os contrapontos aos quais estamos submetidos pela nossa condição de viventes, humanos, cidadãos, membros, eleitores, clientes, estranhos, estrangeiros, pobres ou ricos, intelectuais ou analfabetos, gordos ou magros, participantes ou omissos, vítimas ou réus, entre mil outras facetas que a vida em sociedade nos impõe.Embora ao nascer ninguém tenha escolhido o mundo, o país, a cultura, e muito menos o status social que os nossos ancestrais nos reservaram, e que nos acompanharão até o fim dos nossos dias, somos todos escravos das normas, da cultura, dos governos e do regime social instalados antes da nossa chegada.Talvez, se detivéssemos esta oportunidade, as nossas escolhas nos levariam a outro mundo, não importa o modelo, mas, sem dúvida, muito ... muito diferente.Mas, se quisermos, se quisermos efetivamente, podemos esquecer a advertência de Eduardo Alves da Costa, "No Caminho Com Maiakóvski":"... Na primeira noite eles se aproximame roubam uma flordo nosso jardim.E não dizemos nada.""Na segunda noite, já não se escondem;pisam as flores,matam nosso cão,e não dizemos nada.""Até que um dia, o mais frágil delesentra sozinho em nossa casa,rouba-nos a luz, e,conhecendo nosso medo,arranca-nos a voz da garganta.E já não podemos dizer nada."É verdade. Podemos apenas aceitar o sistema no qual fomos introduzidos e, pacíficos e cordatos, conviver com as estruturas e limites que ora possuímos, ainda que esta atitude corrompa o nosso íntimo e comprometa a nossa esperança. Ou podemos também utilizar dos instrumentos e ferramentas disponíveis para exercer nossa vocação de inconformismo, para pacificar o nosso lar, para valorizar o nosso ambiente de trabalho, para mudar o nosso meio social, para ampliar o limite de nossas aspirações e, afinal, descobrir que tudo podemos, apenas porque queremos.Mas, para indignar, contestar, mudar, principalmente abrindo caminhos nunca dantes percorridos, temos que carregar um instinto nobilíssimo, chamado simplesmente de autoconfiança, e esta virtude só é disponível para aqueles que se sentem fortes, íntegros e, acima de tudo, dignos de ostentar a insígnia de bravos.Só que para isso é fundamental conhecer, diferenciar, avaliar, confiar e agir.Talvez não seja o caso de toda a humanidade, mas, pelo menos alguns poucos seres terrenos deverão ter condições e coragem de assumir os riscos inerentes e postar-se no alto de suas próprias convicções e poder gritar, em alto e bom som:"A partir deste minuto eu serei uma referência universal pelos meus pensamentos, atitudes e realizações, porque depois de pesquisar, estudar, avaliar, conhecer, entender e compreender, eu sei o que, como, quando e onde, se pode fazer alguma coisa para construir uma meta, realçar a vida, alterar o futuro, procurar a felicidade e, quiçá, reescrever a história, apesar de tudo."

Autor: Danilo Santana
ADVOGADO



Informar e Persuadir

"Mas devemos defender-nos de toda palavra, toda linguagem que nos desfigure o mundo, que nos separe das criaturas humanas, que nos afaste das raizes da vida"
Érico Veríssimo.